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O CABULA - ORIGEM DO BAIRRO
Parte I


O bairro do Cabula, localizado no centro da penísula de Salvador tem seu início dentro do contexto da escravidão, pois servia de esconderijo para negros escravizados, trazidos da África, para trabalhar nas lavouras de cana-de açúcar. 
O Cabula hoje é conhecido por ser uma área residencial e de comércio pujante, porém existem manifestações que resgatam a cultura regional, permitindo perceber a sua relevância simbólica com suas práticas musicais, manifestações artísticas, características quilombolas e formação sociocultural. Há fatos relacionados ao refúgio dos escravos no quilombo do Cabula, principal quilombo de resistência negra na época da escravidão na cidade de Salvador. (FERNANDES, 2003). O quilombo do Cabula era um dos mais difíceis de serem acessados pelas milícias da época, devido ao seu relevo íngreme e mata fechada, sendo local de esconderijo dos negros. As matas fechadas contribuíam ainda mais para a realização de rituais do candomblé, como forma de combate às ações ostensivas das milícias. É nesse contexto que nasce os primeiros quilombos do Cabula, povoados por este negro fugidos oriundo do Congo e Angola. 

O próprio nome do bairro advém de uma dança da religião africana o Kabula.Segundo estudos da etnolínguista Yeda Pessoa de Castro em seu livro "Falares africanos na Bahia (2001)" é uma palavra de origem banto da Língua Quicongo. A palavra está ligada ao sentido simbólico litúrgico da comunidade africana congo-angola e quer dizer “Lugar de afastamento dos males”.

O Cabula foi marcado por diveras rebeliões do quilombos. O Quilombo do Cabula teve seu fim em 1807, por João Saldanha da Gama, o então Conde de Ponte, que ordenou a invasão dos quilombos por Severino da Silva Lessa. 

O que é um quilombo?

É um espaço de memória ancestral de liberdade. Os quilombos no Brasil foi o primeiro local depois da África, onde o escravizado pode se reconhecer livre. Dessa forma, é um importante marco para elaboração de uma identidade individual e coletiva positiva. É lócus de hábitos e costumes, construídos nos guetos e nas favelas, que estimulam e provocam ações de resistência cultural, religiosa e histórica e, notadamente encontrado no Cabula, e nos bairros localizados no antigo Quilombo como o prórpio Cabula, a Engomadeira, Beiru, São Gonçalo, Saboeiro, Mata Escura, Jardim Santo Inácio, Arraial do Retiro, Sussuarana, Pernambués, Narandiba, Doron, Resgate, Estrada das Barreiras e Arenoso, se manifesta ainda na preservação de uma memória coletiva ancestral. esta memória coletiva tem como principal representante os terreiros de candomblé espalhados pela região.




Terreio Adê Izô
Rua São Jorge, 10, Barreiras
Cabula


Centro de Giro Jubiabá
Estrada da Barreira, 1451E
Cabula 



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Casa de Lua Cheia
Rua Silveira Martins, 500
Cabula 


O Terreiro Bate Folha (Mansu Banduquenqué)
Travessa de São Jorge 65, Mata Escura


Ilê Axé Opô Afonjá
Rua Direta de São Gonçalo do Retiro, 557, Cabula

Ilê Axé Opô Jimum
Rua 28 de Abril , 234 E
Pernambués.


Fonte das imagens:http://www.terreiros.ceao.ufba.br/terreiro/config
http://www.salvadordestination.com.br/pagina/30/Terreiros.aspx
Fonte da pesquisa: http://www.strictosensu.inf.br/principal/wp-content/uploads/2015/03/Resumo-Expandido_Bairros-populares-de-Salvador-Ba-O-caso-do-patrim%C3%B4nio-cultural-africano-do-bairro-do-Cabula-.pdf
FERNANDES, Rosali Braga. Las políticas de la vivienda en la ciudad de Salvador y los processos de urbanización popular en el caso del Cabula. 1. ed. Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana, 2003



Você conhece mais algumas informações sobre os terreiros de candomblé localizaos no Cabula  e/ou bairros próximos? Contribua com o blog!

Comentários

  1. Eu nasci no Cabula em 1971, me lembro da escuridão total, não havia asfalto e nem agua, pegavamos agua na pedreira da família Laroca, magueiras e jaqueiras gigantes que ali haviam , todo o bairro era uma floresta densa e escura o onibus era uma mareinete da emresa chamada de CAB e tinhas as cores da bandeira da Bahia, mas não tinhamos medo não as luses eram essas lampadas antigas amarelas que nada clariavam,mas acreditem não tinhamos medo de ladrão, pois não havia, as casas não tinham muro o que dava medo eram as cobras, que tinha muita cobra, sempre teve , vi nascer a uneb, o hospital e o colegio roberto santos, vi fazer a avenida narandyba, aquele pedaçõ da ladeira do cabula até a chácara 165 era a coisa mais linda, com arvores na beira da estrada e cercas de fazenda, as casas eram lindas, todas decoradas com flores e arabescos nas portas e janelas era o significado de casa mesmo que temos, uma pena que não sobou nenhuma pra contar história.
    saudades!

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    1. Interessante, ler seu comentário. Tantas lembranças!

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